
De volta ao IPO:
03/2023 - ontem pela primeira vez na história da minha vida oncológica, a médica pediu para suspender de imediato a toma deste medicamento. O problema são os efeitos secundários que têm vindo a piorar: derrame pleural (água nos pulmões), que provoca cansaço tremendo, falta de ar, uma sensação de asfixia na garganta, se ando 10 metros tenho de parar porque parece que corri 200m.
- depois de lhe ter mandado email a dizer que quando tusso fico com imensas tonturas e perco o equilíbrio, mandou me de urgência para o IPO, onde estou agora.
- já antes disse que não é a questão de me vitimar;
- também podia ficar calado e nada dizer a este grupo de amigos, conhecidos, e familiares que me acompanham.
- é tão somente este facto de sozinho estar aqui a enfrentar todo este desenrolar de vida.
Escolhi partilhar, porque prefiro estar acompanhado com todo este grupo que faz parte da minha vida, do que estar aqui sozinho com os meus pensamentos.
19:39 já estou na triagem. Já comecei com as "crises" de choro, sou muito sensível a estas coisas
19:48 já fui à triagem queriam dar me uma cadeira de rodas, por causa da respiração. Não aceitei.
Estou na sala de espera.
Estou "polipneico" - Que apresenta polipneia ou respiração rápida e ofegante.
Ando poucos metros e fico como se tivesse corrido 200 metros.
Vou aguarda o RX ao tórax
20:42 já fiz o RX. A aguardar.
A equipa de enfermagem já estava toda preparada quando me receberam na triagem. A médica já tinha falado com eles
21:25 o RX não acusa necessidade de drenagem. Como o medicamento que tomava provoca os sintomas que indiquei, por isso foi suspenso hoje. Agora será uma questão de dias. Irei tomar corticoides (Predniselona) para ajudar no problema do pulmão/respiração, juntamente com um diurético (Furosemida).
Já sai do IPO.
Obg a todos por esta partilha de força.
Como Sociólogo ainda não tenho um nome para isto. Mas para quê guardar para mim coisas que implicam um sofrimento psicológico, se posso partilhar num grupo de amigos restrito, onde recebo força pela partilha.
Nuno Miguel R. S, Gomes
Sociólogo e Filósofo
17/03/2023
3. Interpretação profunda do sofrimento
O sofrimento oncológico não é apenas físico, mas um fenómeno existencial e social.
Do ponto de vista sociológico
Reflete a forma como a doença afeta os papéis sociais, as relações e a identidade do doente, muitas vezes expondo desigualdades, estigmas e vulnerabilidades. A doença rompe rotinas, altera a posição social e pode isolar, levando à marginalização emocional e simbólica.
Já na filosofia
O sofrimento é visto como parte da condição humana — uma experiência que confronta o doente com a finitude, a liberdade, o medo e o sentido da vida. Pensadores como Kierkegaard, Levinas ou Ricoeur abordam o sofrimento como algo que exige reconhecimento, escuta e presença ética, mais do que respostas técnicas.
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Conclusão💗💗
Na oncologia, esta visão integrada lembra-nos que cuidar não é apenas tratar o corpo, mas também acolher a dor do ser, com empatia, escuta ativa e um profundo respeito pela dignidade de quem sofre.
Nuno Miguel R. S. Gomes
(Sociólogo e Filósofo)
Siga para o próximo passo:
4. Mediação entre o paciente e o sistema