Raciocínio 47/200
Como ter potência criadora - 3 estratégia: Não chame os outros à atenção

Hoje vamos analisar o Raciocínio 47/200 - Como ter potência criadora - 3 estratégia: Não chame os outros à atenção. Outra estratégia para relações SUPER saudáveis(1).

Já abordámos anteriormente 9 dimensões para lidarmos com as outras pessoas:(2)
1.ª Dimensão: Acolher
2.ª Dimensão: Apoiar
3.ª Dimensão: Reconhecer o outro
4.ª Dimensão: Valorizar
5.ª Dimensão: Entrar em sintonia
6.ª Dimensão: Iluminar o outro
7.ª Dimensão: Saber o nome das pessoas
8.ª Dimensão: Transformar o nosso olhar
9.ª Dimensão: Dar espaço ao outro

Estamos a analisar 5 estratégias:(3)
1.ª Estratégia: IVA (imposto valor acrescentado) numa perspetiva simbólica nas relações.(4)
2.ª Estratégia: Sobre o que é um não assunto e tivemos de abordar 4 estudos:(5)
- o que é um não assunto (parte 1/4)
- a criação das redes de pequenas maledicências no trabalho (parte 2/4)
- a dificuldade de tornar um assunto em não assunto (parte 3/4)
- e por fim, na prática o que deixar de fazer (parte 4/4)

Hoje vamos analisar a 3.ª estratégia: não chame os outros à atenção.(6)

Mais uma vez, entramos numa perspetiva de autoconsciência(7), respeito pelo outro(8) e uma postura ética de liberdade nas relações.(9)

Quando nos projetamos nos outros não seguimos o conceito clássico(10) (como o conceito psicológico clássico de projeção) pelo contrário(11). Para o nosso Movimento de Motivação e de Auto-Ajuda a projeção é:(12)
- um ato consciente de acolhimento;(13)
- perceber o outro como um ser único(14), com sua liberdade(15) e seus limites;(16)
- uma postura de presença silenciosa;(17)
- estar com o outro sem invadir(18), sem controlar;(19)
- uma estratégia de convivência ética;(20)
- respeitar o espaço alheio.(21)

Projetamos nos outros ao estendermos a nossa empatia(22) sendo uma forma madura de viver as relações.(23)

"Não chamar a atenção" como uma estratégia de respeito(24). Este ponto é muito interessante e vai contra a lógica do controle.(25)

Em vez de querermos mudar os outros(26) pela insistência(27), escolhemos:(28)
- falar uma vez, com clareza e respeito(29)
- depois disso, entregar ao outro à responsabilidade pela escolha dele(30)
- silenciar(31), não por omissão(32), mas por sabedoria(33) entendendo que cada um aprende no seu tempo(34)

Isto revela:(35)
- confiança na liberdade do outro(36)
- desapego(37) da necessidade de controlar(38)
- cuidado maravilhoso(39) para não romper relações(40) com cobranças repetidas(41)

Não queremos mudar os outros(42)
Mas temos um empreendimento belo connosco mesmos(43). Uma transformação do nosso interior(44).
Isto mudou completamente a minha pessoa.(45)

A história do armário(46)
Na minha relação em casa uma das coisas que me fazia bastante confusão era ter um armário com as portas abertas. O armário estava por cima da mesa da cozinha onde por vezes comíamos. Informei que sempre que fossemos ao armário seria melhor fechar as portas para não batermos com a cabeça. Por mais incrível que possa ser, sempre que íamos comer o armário estava com as portas abertas. Pensei para mim mesmo: "que excelente oportunidade para lidar com o meu interior. Como não ficar afetado com umas simples portas abertas?" Pensei para mim: "Será possível conseguir comer com as portas abertas?" E comecei a fazer experiências ao meu interior que estava arreliado com a situação. Pensei: "Como conseguirei converter este sentimento em outra coisa mais leve?"

Nós não queremos mudar ninguém(47), muito menos fazer insistências com coisas(48). Haverá sempre um conjunto de estratégias para crescermos interiormente(49) e acima de tudo numa perspetiva de amor(50), de crescimento(51) e em atitudes de aproximação.(52)

Às vezes os filhos estão cansados de ouvir a mesma lengalenga(53). E os pais bem que podiam fazer de outro modo(54) do que estarem insistentemente a dizer as mesmas coisas.(55)

O segredo aqui:(56)
- é só dizer 1 vez.(57)
- a segunda vez passa a ser o uso de estratégias.(58)
- não repita as mesmas coisas(59)
Não repetimos nada uma segunda vez(60). E assim não vamos chamar a atenção.(61)

A importância de cuidar do próprio "eu"(62)
O foco é no meu próprio comportamento(63), e não nas ações alheias(64). Isto é sinal de maturidade emocional.(65)
O que me importa não é o que o outro faz(66), mas como eu ajo diante do que o outro faz(67). Consegue ver a diferença?(68)

- Esta consciência evita reações impulsivas(69), julgamentos(70) e conflitos desnecessários.(71)
- Permite mantermos a nossa integridade mesmo em situações desafiadoras.(72)

É como dizer:
"A minha paz não depende do comportamento do outro, mas da minha resposta."(73)

Maturidade emocional(74)
Será sempre algo que é relacionado com as respostas que eu dou perante o outro.(75)
O gesto de liberdade: não insistir(76). Nem se meter nas atitudes dos outros.(77)

Em casa, onde as relações são mais íntimas, isso ganha ainda mais importância:(78)
- eu faço a minha parte(79)
- dou espaço à outra pessoa de agir ou não agir(80)
- não usamos a repetição como arma de poder(81), de persuasão, de controle do meu querer sobre o querer da outra pessoa.(82)
Este gesto, não é pequeno, é de profunda liberdade tanto minha quanto do outro.(83)

É confiar que:(84)
- o outro pode expressar-se no seu tempo(85), não pela pressão.(86)
- o vínculo se sustenta melhor quando não forçamos(87) e damos liberdade à outra pessoa de respirar.(88)

As relações fora do nosso Movimento de Motivação e de Auto-Ajuda estão cheias de controle abusivo(89), cheias de regras.(90)

Limites saudáveis sem frieza(91)
Este tipo de atitude pode ser confundido com indiferença(92), mas é o oposto(93). É respeito profundo(94) com consciência(95). Veja se consegue perceber a diferença: são limites saudáveis(96). Quais limites?(97) Os meus limites(98) - eu não posso passar do meu limite que é apenas dizer uma vez(99). O meu limite estabelece-se aqui mesmo(100). Não vou transpor este limite(101), ou seja, não vou nem repetir-me(102), nem sequer uma segunda vez irei dizer a mesma coisa(103). Não é frieza(104) mas respeito para dar lugar à liberdade da outra pessoa.(105)

Eu prefiro não chamar a atenção porque prefiro o AMOR, a ternura, a aproximação(106). E iremos aprofundar esta temática exaustivamente em raciocínios posteriores.(107)

Esta é uma estratégia de convivência consciente(108). O que nós fazemos é mais do que uma estratégia(109), é uma filosofia de vida(110). Uma forma de existir(111) em relação com os outros sem nos perdermos.(112)

Envolve:(113)
- Auto-responsabilidade(114), (iremos abordar no Raciocínio 52)
- Respeito profundo pelo outro(115)
- Silêncio como forma de amor e liberdade(116) (iremos abordar no Raciocínio 87 e 88)
- Relações baseadas em espaço, e não em controle(117) (iremos abordar nos Raciocínios sobre os micro-rituais de aproximação: Raciocínios 85 a 99)

A temática como pode verificar é bastante complexa(118). E aqui ainda no campo introdutório(119) esboçamos uma das maiores riquezas(120) nas relações SUPER SAUDÁVEIS:(121)
Prefiro não chamar à atenção!(122)
Prefiro a ternura.(123)

Abraço fraterno,
Nuno Miguel R. S. Gomes
(Sociólogo e Filósofo)

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